A crise climática é uma crise existencial da Humanidade. Nunca estivemos tão perto de um cenário de catástrofes em cascata que colocam em risco de colapso as bases físicas e químicas da civilização.
A crise climática não acontece no vazio, acontece em sociedade e afeta as relações de poder. Mas a crise climática é também causada exatamente por estas relações de poder. É uma crise do capitalismo; é – como qualquer outra crise do capitalismo – uma crise da natureza expansiva do capitalismo e que o capitalismo tenta resolver com um novo salto expansivo.
A Justiça Climática é então a lente que nos permite analisar as causas profundas da crise climática. Colocando o contexto social e histórico no centro da análise, torna-se claro porque é que esta crise está a acontecer agora e nestes termos. Porque é que estamos tão perto de ter bilionários pela primeira vez na história e estamos simultaneamente a perder cidades inteiras devido ao colapso climático como aconteceu, no verão passado, na Líbia, na maior tempestade alguma vez registada no Mediterrâneo, mais de 20 mil pessoas morreram afogadas nas suas casas em Derna, arrastadas para o mar ou eletrocutadas?
Neste número dois da revista, cujo conselho editorial foi assumido pelo CIDAC e pelo Climáximo, olhámos exatamente para este caráter sistémico do capitalismo.