# 5 Cooperativas: atualidade de um ideal em construção

Entre o anátema de anacronismo que recai sobre as cooperativas, como se estas configurassem um resquício do passado que sobreviveu até hoje e as visões que as pretendem reduzir a um idealismo inconsequente, este número da revista Outras Economias, construído com a cooperativa CooLabora, vem destacar, na senda das propostas do Ano Internacional das Cooperativas declarado pela ONU para 2025, a atualidade deste ideal.

Num contexto capitalista cada vez mais feroz, marcado por uma concentração da riqueza inédita, como destaca o relatório da Oxfam de 2025, onde impera a comodificação crescente das várias dimensões da vida, as cooperativas são uma fonte de esperança ao afirmarem uma proposta alternativa, assente em valores ancorados no bem coletivo.

Para construir este número, não andámos à procura da experiência perfeita, aliás não cremos na sua existência. Adotámos um olhar aberto à diversidade e procurámos descortinar como é que os valores que orientam o cooperativismo se traduzem em práticas concretas e em relações sociais distintas, não obstante as dificuldades que enfrentam as propostas situadas em contracorrente com o sistema dominante.

Damos conta de contributos mais teóricos, que nos ajudam a ler este universo de experiências, sejam nacionais ou de outros países. Fomos procurar exemplos que vão da resistência de um grupo de mulheres na serra de Montemuro, até à criação de alternativas face às dificuldades de acesso à habitação na Moita. Ouvimos cooperativas já com uma longa história, como em Setúbal, e outras, mais recentes, que integram movimentos emergentes. Damos conta da diversidade de áreas de atuação, de territórios e de vontades transformadoras.

Estas cooperativas, situadas no espaço entre a iniciativa pública e privada, concretizam um regime de propriedade alternativo, fundado na propriedade comum dos bens, na democratização dos processos de decisão e na desmercadorização da vida. A riqueza que criam é mantida e usada para satisfazer necessidades, ao invés de se orientar para criar lucro e mais lucro.

A diversidade de experiências que aqui trazemos dá também conta de possibilidades de resistir e de fazer, que coexistem nas fissuras de um sistema tendencialmente hegemónico e ilustram a negociação que se estabelece com a sua lógica produtivista, hierárquica e centrada no lucro.

Algumas das cooperativas que participaram neste número constam da secção “Alternativas Económicas”, uma secção fixa da revista em que poderá conhecer – e quem sabe envolver-se – em experiências concretas de práticas económicas, um pouco por todo o país.

Convidamos também a espreitar a proposta pedagógica, deste e dos números anteriores, que poderá explorar e experimentar em diferentes contextos educativos e formativos.

Aguardamos ansiosamente pelo seu feedback e se quiser receber informações sobre as atividades de animação (círculos de leitura, apresentações, oficinas, etc.) da revista, faça a sua subscrição – gratuita – aqui.

Em colaboração com:

Significado do símbolo internacional do Cooperativismo

Forma circular: simboliza a eternidade da vida, já que o círculo não tem começo nem fim.
Pinheiro: representa vitalidade, fecundidade e perseverança, porque é uma árvore resistente e duradoura.
Dois Pinheiros: simbolizam a cooperação, a união, a solidariedade.
Cor Verde Escuro: remete para as plantas e as suas folhas e, por extensão, para a vida.
Cor Amarela: remete para o sol, fonte de luz, crescimento e riqueza.

#5 Cooperativas: atualidade de um ideal em construção

Conselho Editorial: CIDAC (Cecília Fonseca, Cristina Cruz, Maria Fera, Stéphane Laurent); CooLabora (Graça Rojão)

Contribuíram para este número:

Artigos: Manuel Canaveira de Campos, CIDAC, Jorge Gonçalves, João Nunes, Deolinda Meira, Stefano Tortorici

Ilustrações: Inês Mendes, Morgane Masterman

Podcast com: Adriana Bezerra Cardoso, Aline Mendonça, Bianca Lima, Daniel Tygel, Rosana Kirsch. Edição: Cooperativa EITA

Vídeos de e com: Brejos Faria; Capuchinhas de Montemuro, Coop99; Fumaça; Cooperativa Mula; Rincón Lento; SEIES e Leonor Valfigueira. Edição: CIDAC

Traduções: CIDAC e Graça Rojão

Conceção gráfica: Carlos Guerreiro

Paginação: CIDAC