#1 EconomiaS no plural

Neste número 1 da Outras Economias queremos situar a intencionalidade desta revista (descrita no seu manifesto): dar chaves de leitura sobre as dimensões económicas da vida, na sua complexidade, e estimular o interesse por outras formas de olhar a economia e de a praticar, usando para tal, diferentes abordagens e linguagens.

Procurámos ilustrar aquilo que designamos por sistema económico hegemónico, que se apresenta como a única via para alcançar a prosperidade e o bem-estar das sociedades humanas, e que temos de seguir de maneira acrítica ou aquiescente. Neste número, tentamos também demonstrar que este sistema resulta de uma construção socio-histórica, política, e cultural, e que é não só legítimo, como indispensável, refletir criticamente sobre ele e explorar outras vias, alternativas, que valorizam a dignidade humana e respeitam a natureza, em vez de privilegiar a acumulação de riqueza.

Escolhemos o título ‘EconomiaS no plural’, porque entendemos a economia como parte integrante de um sistema social mais abrangente, que inclui as dimensões cultural e política, e que, por sua vez, está inserido na biosfera, da qual depende e com a qual interage. É por isso que damos destaque neste número a visões socioeconómicas sistémicas que propõem integrar aquelas dimensões, apresentando propostas concretas que visam mitigar ou superar os efeitos sociais e ambientais nefastos do sistema económico hegemónico, cujos fundamentos põem explicitamente em causa.

Os conteúdos não pretendem cobrir exaustivamente cada temática, mas apresentar alguns elementos que nos parecem importantes para a sua descodificação. Tratam-se, deste modo, de visões subjetivas e parciais.

Privilegiamos a língua portuguesa, mas enriquecemos os conteúdos com ligações a iniciativas informativas de outros países e em diferentes línguas.

O conselho editorial deste primeiro número contou com o envolvimento da equipa do CIDAC, com o Álvaro Fonseca e a Graça Rojão, pela Rede para o Decrescimento; e com a Eliana Madeira, pelo Graal. Valorizamos este formato de co-construção, que queremos manter nas próximas edições. A produção de conteúdos, assumida em parte pelos membros do conselho editorial, contou adicionalmente com a participação de um número alargado de pessoas e coletivos aos quais muito agradecemos pela disponibilidade demonstrada, e que poderá ir descobrindo à medida que for explorando as diferentes secções que compõem a revista, nomeadamente, vídeo-depoimentos, textos e diferentes traduções gráficas relativos ao sistema económico e a alternativas; uma apresentação da obra “A Grande Transformação”, de Karl Polanyi; uma banda desenhada e uma proposta pedagógica para aprofundar estes temas em contextos educativos.

Por último, um agradecimento ainda para o trabalho de leitura crítica dos blocos de texto (tão importante mas invisível para quem acede ao resultado final), realizado por Lúcia Fernandes, Luzia Lambuça, Luísa Teotónio Pereira e Sara Madeira.

Esperamos que goste e que acompanhe as próximas edições. Para ter informações sobre os próximos números e atividades ligadas à revista, faça a sua subscrição – gratuita – aqui.

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