The Take. Occupy. Resist. Produce.
Documentário de Naomi Klein e Avi Lewis
Canadá, 2004
Argentina, 2000. O país entra numa profunda crise económica pela viragem neoliberal do presidente Carlos Menem, com o apoio e a cumplicidade dos EUA e do Fundo Monetário Internacional. Um número crescente de trabalhadores e trabalhadoras, em vez de se conformarem com o desemprego quando as suas fábricas foram encerradas, decidem ocupá-las e pô-las de novo em funcionamento, sem a supervisão, ou permissão, dos seus antigos patrões. O lema que norteia as pessoas: “Ocupar, Resistir, Produzir”.
O documentário conta o fenómeno nacional, que se tornou num grande movimento graças ao apoio de toda a comunidade, com manifestações de rua que deram força para ousar e imaginar formas alternativas. Que forma de organização alternativa privilegiada uma vez ocupadas as fábricas? O modelo cooperativo. Auto-gestão coletiva das fábricas, decisões tomadas democraticamente em assembleias, salários iguais, abolição das hierarquias… O modelo cooperativo para repensar o trabalho, as relações humanas, de poder, até o rumo do modelo político de todo o país. Tudo, contado de uma forma que não deixa de fora os desafios e as contradições do modelo económico dominante, que continua a ser o sistema capitalista. O filme centra-se, em particular, nos esforços de 30 trabalhadores/as para reativar a falida fábrica de peças para automóveis de Buenos Aires, a Forja San Martin, que os empregou antes da crise.
No início, Naomi Klein é confrontada por um jornalista que, interrompendo-a continuamente, pressiona-a a propor alternativas, para além da denúncia das monstruosidades do capitalismo. Daí a ideia do filme, ao compreender que o ponto do jornalista estava certo: a uma dada altura, além da denúncia, é preciso também explicar aquilo por que se está a lutar, quais as alternativas que dão corpo às nossas lutas!